Aroma



Ele passou por mim como trovão na tempestade;
Minhas pernas termulavam à bandeira
E um sarcastico sorriso me ganhou e sumiu na noite;
Quando ele voltar no ar disperso: me traga.

Ele passou por mim na multidão e marcou à brasa
Do desejo e do desespero e da agônia e vontade;

Ele passou e repassou por mim e fixou,
O perfume dela, da rosa e deste aroma que procuro
Incessantemente. Que perfume é esse Gabriela?

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Inspirado na idiossincrasia de J.M

Carma


Carma, meu destino é ser a própria ponta do lápis.
Pra que a pressa da textura em revelar segredos mapeados?
Por que os caminhos acetinados sacrificam tantas portas?
Carma, meu casulo é só a parte toda destes fios de cor.

Carma, professor o que diz? Dê uma luz Buarque?
São ações ou canções humanas e suas conseqüências;
Jogadas aos braços da lei de causa e efeito?
Carma dos seres de áurea, iluminados (...)
Carma de primo, de sogra, das Minas Gerais, Uai sô!

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Tatuagem



Todas essas gravuras na parede
Pretas de nanquin e sombras;
Misturadas de pedaços orgânicos;
Num vácuo cristalino de convidativo adeus;
Aquecem as noites cálidas da tropicalia sul.

Essas todas tatuagens que estampam as janelas;
Denunciam que os entalhes da médula deste ente
Solitariamente envelhecidas, brotam um benéfico: sei lá
Atolado o poço raso e cravejado de sinas,
Quiçá mais, talvez menos, pra divir as cotas
Dessa só, ansiedade que abriga a alma.

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Violentados



Pare. Um suspiro e pare.
Ouça os passos gemidos;
Romper o arrastar prisão sem chave.
Pare. Veja nossa flor murchar,
Em gotas de grito e olhe.
Olhe estas mãos manchadas de medo.
Viu? Ouviu? Parou? Silêncio. Psiu...
Sinta o cheiro fético que perfuma,
A causa esquecida que nunca lembrada
Senta e encena no palco vil dos desgraçados.
Ande, vamos. Ande pra varrer o sangue nas escadas
Pra estancar a alma violada e os sepúlcros caiados.
Anda, pelo amor de Deus. Anda.
Vão morrer estas semestes por um produtor insâno?
Ande, Anda. Não, não. Voe na divisão dos abismos
Que abertos são, fétidas feridas de vergonha.
Desfiguras e sem perfil próprio, esconde-escondem
Suas vidas neste jogo real demais pra ser mentira.
Enquanto risco e tu lês;
Milhares de milhares destas rosas são:
Vítimas da sorrateiras "sorte" do adeus,
do desejo, da sociedade minha e sua.
Estanque o câncer animal jardinado
E dê a sua psique vindoura a chance mínima
De brotar, ainda que sobre pedras, frias e calculistas.

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Ave Roma



Esqueci os pergaminhos no Egito;
Com ele, todos os desejos do escriba.
Náufrago à dispersão do Nilo;
recolho estas areias serpentinas.

Vieram tantos pós escritos, mas,
Só cinzas da Alexandrina;
Só restos animadamente mortos!
Tornei Bárbaro e sem graça;
Antes da loba parir Roma.
Esqueci de assistir a este e estes;
Que cultura não se faz, se vive,
Na extensão natural de cada esfinge!

Ave Roma? Não. Ave hoje!

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Sol maior



Se esse meu coração pudesse sambar a valsa
Que tocam ao fundo dos eufóricos tambores;
Eu daria eu jazz de tango, pra viver essa mistura.
Eu não sou louco, nem normalmente são. Quem o é?
Mas, ao fundo destes raros seres que nos cercam
Vejo o que os outros grifam e risco deles, sons.
Se esse meu coração pudesse bailar o frevo louco de Mariah
Gaga certamente reinaria no Axé Baiano. Oxente, my God
Pirou? Não. Só estou compondo. Batendo tudo junto e misturado
Pra experimentar um novo saber disto, daquilo, deste, de nós,
De vozes, de olé, olê, olé. O tom de hoje é Sol maior.

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Só hoje, pequenina




Só hoje, quando as tardes ainda raiam no céu
Um sol desperto que despido voa o pássaro celeste
E eu tenho vontade de chorar um riso pela vida
Me abraça sufocantemente a calma que meus pés tremidam
Vem! Só hoje: vem pra mim de novo. Afinal nunca partistes
Do alcance dos meus braços ou relances dos meus olhos.
Só hoje, quando as felicidades são rimas em versos, prosas
E as lágrimas vão fábulas aquém de nós e vós,
Retarde sua mágoa pequenina, retarde seu rancor.
Dentre instantes será noite e verão tarda chegar
Aproveite o sol de agora e só hoje pequenina, ao menos hoje
Não deixe o frio do inverno congelar seu coração.


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