Meu asco

Há uma ferida aberta no peito;
Uma fístola ardente e cega;
Que do leito serpente se apega;
E se esconde num perto perfeito.

Há um odor puritano confeito;
Uma fé que não vive o que prega;
Um crescido que sempre renega;
Que o caminho correto é estreito.

Uma fé machucada soluça!
Um fracasso mesquinho sobeja.
Cansei. Posto tudo, larachas?

Uma fera mancando: soluça?
Um final maquiado solfeja;
Cansei. Posto tudo: lamaças!

Michael Wendder - Direitos Reservados

Pêra, uva, maça: Salada mista!


Havia um tapete de flores pela rua;
E sabões de uma só marca espumavam;
Tantos gritos de eufóricas conquistas;
Entre o mundo de formas e o destes: outros;
Riram-se das aquarelas postas e sem saber;
O som de outras vozes ganhou pulsos;
Salada de frutas: pêra, uva, maça, salada mista!

Antigamente poucas casas tinham armários
Frios e sem cor alguma que pudessem ver.
Freqüentemente muitas cores dão-se à vista;

Prazos para que? Já passaram os quinhentos anos
Um milhão de fantasias e sonhos realizados!
Riem-se ainda alguém ou calam-se em copas às?

Férulas à parte, medos, vontades. O novo chegou!
Afinal é Brasil: a mais apaixonante nação do planeta!
Vaidades que só os mais atrevidos seres dispõe, de fato
O mundo mudou e mandou um recado, se possível escute;
Rir, matar, chorar, não adianta. Decore: Pêra, uva, maça: Salada mista!

Michael Wendder - Direitos reservados

Alguém se importa?


Despede-se a virgem noite dos céus de agora
E surge o dia nu a minha frente, completamente.
Tão probo o era que respingos orvalhos lhe seguiam;
Pés a pés marcados nos rios-chão de areia afora.

Cuido, então, para que ele permaneça livre
E mais tarde, se tiver vontade de vestir-se
Que o faça cobrindo minha noite de mais sonhos;
Ou o meu agora de menos desespero e solidão.

Creio que minhas palavras ecoam no vácuo
Onde só eu mesmo ouço e olha lá. Às vezes nem eu.
Entendo uma tela abstrata. Mas, não me defino.

O dia despido me chama? Pro amor ou pra cama?
Pro toque que devora ou ama? Hei, alguém se importa?
Eu só queria amar e por meu mundo acorrentado pra fora.
Meu mundo tão acorrentado: vá embora!

Meu anjo humano pecou e desceu;
Meu canto insano secou e morreu;
Meu verbo divino parou, voltou, se perdeu.
Eu não quero a verdade. Não agora.
Eu só quero ser feliz, imediatamente.

Que vale mais: o perfume das cores ou os tons da alegria?
O cheiro da rosa ou minha louca poesia?
Alguém se importa? Sim? Tu és doido!
Alguém se importa? Não? Então cai fora. Mala!

Michael Wendder - Direitos reservados

A um grande amigo


Amigo, cante uma canção para eu;
Algo doce e sereno, apenas.
Não precisa ser grande, rimado ou cheio de poesia;
Essa canção só precisa ter o tom da tua melodia.
Não precisa ser imortal. Quem precisa ser imortal quando se é inesquecível?
Daqui a pouco deitará a tarde no colo da noite
E o sol repousará no oriente afora.
Eu, eu estarei aqui de olhos bem fechados,
ouvindo o som irreventente e indispensável da sua voz!
Que não precisa dizer muito. Que não precisa dizer nada
Mas que nunca deixará de ecoar na minha alma as sábias palavras de um Rei:
"Como é grande o meu amor por você"

Dedicado a um grande e eterno amigo: T.F.B

Michael Wendder - Direitos reservados

Apague a luz


Não estou com medo futuro. Mas, com receio do presente!
Esses embrulhos com laços tortos de lembrança tão loquaz;
São como festival de inverno em canto quente e úmido qualquer
Se pudesse, jamais tornaria a sonhar com você. Eu caminho.
Sim, e como eu caminho. Mas a êxtase do seu “jeitinho” me acompanha;
Exorcizo, tento correr mil léguas por segundo pela Terra e nada.
Apenas cansam minhas pernas e braços, desfalecidos sem ar.
E o coração? Ah, esse não te esqueceu ainda. Seja pelo bem ou mal
Bom ou ruim, certo ou errado. Não sei a cor das sombras e da sua mais,
Nem da minha alma, se é que a tenho ainda, perdida, mutilada e órfã
Maria deixa-me realmente virar a página. É preciso, por favor!
Não estou com medo do futuro, só dispenso o presente.
Meu aniversário é só no fim do ano. Agora silencio, preciso voltar à caminhada.
Apague a luz da memória pra que eu possa trocar os meus passos!

Michael Wendder - Direitos reservados

Ao vento


Hoje eu vi as sombras da tua presença estacionada;
Esperando pelo trêm das onze para as seis ou sete;
Não me recordo bem. Meus olhos são astutos, rápidos;
Mas, não se prestam à apreciar qualquer paisagem moribunda.
Foi-se o tempo em que eles brilhavam por nada;
Foi-se o tempo, junto com tuas pálidas memórias.
Então, eu recobro o pensamento de ímpeto e projeto;
Uma pequenina luz de verdade nesse mar de merdas
Que me ofuscam as narinas e visão polui nojenta.
Pudessem vaiar minhas mãos o adeus te que acenam;
Eu certamente sentiria lástima de ti que nada ostentas
Senão o meu lamento por serdes assim: tão vazia quanto o nada
Tão fria quanto a escuridão de almas perdidas em si mesmo;
As tuas palavras? Essas me dão pena de ti ou riso!
Devo acender, assoprar ou inçar uma vela?
Assoprar não condiz com as semas, tão pouco lhe dou parabéns;
Acender, bem mais certo seria, visto o enterro de ti;
Posto içar, eu farei certamente, pra mares, oceanos, lugares
Onde as tuas sombras não me alcancem nem em meu lamento!
Nem no meu sorriso, nem no meu desterro, nunca mais na vida!
Isto é sentimento. De ti vem só palavras, pequenas, frágeis
E vomitadas ao vento... E vomitadas ao vento ... vento
Memórias que não lembro de lembrar... Ao vento!

Michael Wendder - Direitos reservados

Dos umbrais da tua janela


Preciso aprender a sufocar as minhas lágrimas,
Beber minha calma num só gole-dose
E quem sabe deslizar num barranco qualquer minha burrice proba,
Preciso nascer de novo? Voltar pro ovo? Que diz, meu povo?
Ah, cala a boca. Tem gente demais falando, gente demais morrendo;
E gente demais matando a espera do milagre antigo: Lázaro!
Desabafos à parte. Canalhices à porta. Tribunal de apartes,
Eu só queria saber o que é o amor visto dos seus olhos,
Estas pretinhas sementes de madura melancia israelita.
Eu só queria me ver como você me enxerga,
Sentir, como você me sente: frio ou ardente?
Moleque, macho ou eloqüente? O que pensas de eu?
Volto a melancolia exordial e choro um sentimento estranho
Não é dor, nem amor, nem ódio, nem desejo ou rancor: Não é nada.
Continuo chorando e, espera um pouco. Estou soluçando em risos,
Rindo ou chorando? Cantando ou assoviando farinhas? Que sentimento é esse?
Poe outra dose de ti no meu copo. Mas, não seques a garrafa do meu coração
Não antes de’u descobrir como seria eu, visto dos umbrais das tuas janelas.

Michael Wendder - Direitos reservados

Dialogando


Amor, hoje eu não quero despertar do sono;
Eu pensava que meu coração batia;
Mas ele apenas surrava meus desejos.
Logo que plausível, minhas velhas mãos geladas;
Anunciavam-me alguma sensação diferente;

Ah meu doce amor, hoje eu não preciso acordar;
Amanhã é trinta e um e sábado de aleluia.
Pra que a pressa? Pra que a prece? Aleluia, apenas!
Está cedo. Só mais cinco eternos minutos, deixe-me dormir.
Pensando, vagando, chorando, babando: gerundiando

Diga tudo o que sente e nada escondas, sou teu amigo
E mais que isso: a morada que te serves de abrigo, sempre
Eu já cismei por tão pouco e tantas vozes me chamaram
Esquerda ou direita? Preto ou branco? Subir ou descer?
Ah coração, converse comigo e não apenas ouça meus resmungos
Pensando bem, abrace meu peito agora e os olhos do coração
Serão completamente teu. Isto se for possível sê-lo mais.
Veja-me nos teus olhos, como te sinto preso em minha própria existência

Michael Wendder - Direitos reservados

Entre o mar e o amor


Estão dizendo que as minhas palavras não fazem sentido;
E que o meu jeito sacro de viver perdeu todo juízo
Estão dizendo tantas coisas: umas certas, outras não!
Falam de vida de uma forma pronta. Eu, de uma canção
Não mais quero chorar e por meus sonhos pra dormir antes de mim
Não, não, não!
Eu só quero cantar e se possível as ondas todas desse mar de amor.
Há tanta vida lá fora da casca de problemas que não quero mais
Olhando nos teus olhos, vejo o mundo e vou:

À mar, amar, à mar, amar, à mar, amar
E mar, e mar, e mar, e mar, e mar, e mar
I mar, i mar, i mar, i mar, i mar, i mar,
O mar, o mar, o mar, u mar, u mar, u mar.
Há tanta coisa pra cantar entre o mar e o amor
Há tanta coisa pra cantar entre o mar que é o nosso amor

Estão dizendo que as minhas palavras surtaram do nada
E que a língua dos meus lábios é nova ou inventada.
Estão me vendo voar com asas das do meu coração
A praia fica para trás, meus pés caminham rumo ao novo cais

À mar, amar, à mar, amar, à mar, amar (verbo intransitivo)
E mar, e mar, e mar, e mar, e mar, e mar (emaranhado de desejo)
I mar, i mar, i mar, i mar, i mar, i mar, (em pura atração)
O mar, o mar, o mar, u mar, u mar, u mar. (suspiro)
Há tanta coisa pra cantar entre o mar e o amor
Há tanta coisa pra cantar entre o mar que é o nosso amor

Estão dizendo que as minhas palavras...


Letra e Música: Michael Wendder
Canção composta na manhã do dia 01 de abril de 2011 às 10h33 – MS
Direitos reservados ao autor

Você se mistura?


Nascendo ....

Vivendo nos nos tempos da água e óleo em que farinhas de mesmo solo, se recusam ter-se em mesmo saco. Seria cômico, não fossem trágicas as falácias de nós, todos.
Nada contra, não quero ver meu filho rolando como o seu filho no campinho dos fundos.
E nossa, que menina feia a filha de Dona Joana, Jesus me acuda! Bateram nela à remo?
Meu filho é tão lindo para carregar aquela caixa de marimbondo.
Belos devem se juntar aos belos. Ricos aos ricos. Poder com poder.
Os iguais e normais, com os iguais e normais: "Gente de bem"

Crescendo e questionando ...
Se sua mãe é puta, ela não merece ser mãe?
Se o sei pai, irmão, sobrinho é gay, homossexua ou bicha, como vulgarmente gritam, ele não merece viver?
Tatuados e com piercieng, devemos atirar na testa ou nos rins?
Gordinhos com estrias: Uau, nem fodendo. Que nojo!
Ah, você que Lê estas linhas está espantado com as minhas verdades?
Creio que não. Há alguma inverdade ou exagero nestas linhas?
Somos todos filhos de um mesmo Deus. Mas, parece que cada um tem um céu próprio chamado umbigo e esse deus, não passa de mera fachada pra nosso egoismo.
Você não se mistura ou vive mergulhado nos seus sonhos de mentira e perfeição?
Ah, sim, estão falando de mim por ae. Vão falar de você se te virem com um negro, com uma puta, com um gordo, com um índio ou com um "viadim" qualquer.

Pensando ...
Qual o problema? Na essência, no primordial, quem vale mais? A puta mãe ou a freira prostituta?
O gordo feliz ou o anorexico das passarelas. O branco bronzeado ou o nego cinza?
Vem cá, você se mistura mesmo?
Você é do tipo que nega esmola porque não sabe se o cara vai comer ou tomar pinga, ou simplesmente faz a sua parte e ajuda o semelhante?
Você não devolve o dízimo porque na sua cabecinha o pastor vai ficar mais gordo ou o padre mais rico?
Você vota por votar ou vende seu caráter nas urnas?
Diz que cuida do ambiente e joga papéis de balas, latinhas, cigarros na primeira calçada após consumir um produto?
Acorda. Você pensa que não se mistura só porque alguém não vê a sua podridão?
Só porque alguém não aplaude você na primeira fila e diz: "Cara, você é demais"
Terra chamando. Terra chamando. Em que planeta você vive?
Você usa roupas brancas pela paz, sorri pra todo mundo e trata mal a sua mãe?
Grita com seus velhos avós e pai? E desfila pela paz?
Você é contar guerra, mas, se te fecharem no transito você quase mata um?
Você acha o estupro no seio familiar um ato repugnante e nojento, mas, não denuncia o vizinho com "medo de represália" ou porque é mais comodo? Cada um na sua?

Morrer ou viver... Eis decisão!
Você não se mistura? Tem certeza disso? Se convença dessa mentira e alimente suas verdades e vais perceber que és tão igual ao seu maior e diferente avesso.

Michael Wendder - Direitos reservados

Engodo


Pare de ninar os sonhos com mimos vadios;
A quem quer enganar tuas palavras?
Vamos pensar um pouco e não pouco!
Esse presente embalado de hoje na estampa
Vai pra estante da memória no futuro
Dizer que foi ou poderia ser verdade.
A quem quer enganar tuas palavras?
Pare de ninar os sonhos com mimos vadios.
Pare de escrever o sono. Pare e logo.
Apenas deite e durma. Cale-se, deite e durma.
A quem quer enganar tuas palavras?

Michael Wendder - Direitos reservados

Lá se vai: mais um amor


Um dia eu ainda escrevo sobre nós
Só preciso descobrir quem é esse mito
Que tanta gente fala de boca cheia
Mas, de alma completamente nua e vazia.

Deveria, então, falar sobre vós
Mas, não há afinação sufiente na canção
Tampouco mestria no enredo que ensaias.
Sobrou alguma coisa nota pura nesta pauta?

Amanhã virão os homens de futuro
E nós, do seu passado escuro lembraremos
Eu tento ser sutil com palavras. Tento!
Brinco com elas e brigo com mundo.
Alias, eu brigava com o mundo pelo nós

Hoje que já é manhã, apesar do sol dormir
Eu darei o tom que falta na canção tua
E nota que ti sobeja a face: Dó, Dó, Dó, Dó

Lá, Si, Fá Mais um amor. Que bosta!

Michael Wendder - Direitos reservados

Discando


A minha multidão solitária
Perdida no mudo barulho;
Fez desta tua vida ordinária
Um céu infernal de entulho.

A minha vingança diária;
Escondida na paz do bagulho;
Soou demagógica pária;
Drumond, que será teu mergulho?

Eu quero um som pra ouvir com alma;
Preciso de um poema com sentido;
Eu quero pintar o escuro de branco.

Assim, minha mão se acalma;
E cessa do peito o gemido;
Da falta de amor que arranco.

Michael Wendder - Direitos reservados

De vinte e oito a trinta


De vinte e oito a trinta, meu coração vai de zero a mil em um segundo;
Nada que ocorre é por acaso. Todas as coisas preservam um porque de ser;
Até a mais proba inocência necessita ser velada e dita para florescer;
Eu sucumbi de um morro abaixo e bati asas além do além dos seres fortes;
Vomitei meu asco e engoli completamente o pus que tu me deste de manhã;
E não foi pouco, foi de saciar a fome de dezenas nações por vinte gerações.
Você me pôs ao extremo do amor, do tesão, do ódio, do nojo de todas as coisas.
Idiota. Amanhã é dia primeiro. Voltarei para a polis do eu que quase perdi
Aos caminhos de tua bárbara incoerencia aceno de longe um tchauzinho murcho.
Há muita vida pela frente, do lado, em cima, embaixo, do avesso dos ponteiros.
Do outro lado do oceano.

Salvo por Max Sander - Valeu....

É preciso dizer que eu te amo?


Parei meu pensamento para riscar as linhas do tempo
E tentar extrair das estrelas um verso gerado em lutas
Que este tempo desconhece, mas que nunca adormeceu
Nem pôs ao sono as batalhas desta mente. Nunca!
Em verdade, a unidade harmônica deste corpo constelado
Entregou-se por inteiro as luzes nunca dantes vistas
E nem quis saber da distancia de casa, do caminho, da felicidade.
Só desejou incessantemente consagrar a paranóia do amor.
De repente, um anjo, tão embriagado quanto eu acena
E o que era o convite petalar da branca e grata rosa,
Transforma-se do desterro abismo emaranhado de acordados sonhos;
Um som ritmado e continuo acelera, transpira e denuncia
O quanto de paixão me sobeja à terna face. Brilha mais forte a luz, agora.
Assim, recobro os sentidos e recolho os papeis espalhados pela mesa,
Meu transe se dissipa, mas, não foge com o vento. Resta comigo.
Estou de braços abertos e olhos fechados apertando vagarosamente
Seu cheiro de vida no calor do meu carinho. É preciso dizer que eu te amo?
Agora, terra, mundo, pensamento: podem voltar a girar.

Michael Wendder - Direitos reservados

Sentenciado


Vistos, revistos, etc.

Te vi beber do teu amor cada gota de soluços ébrios;
E como quem bebe a própria ânsia de sede no deserto
Eu pude assistir tua aflição dilacerar teus dias.
Dias estes que de maneira tola, quase errante
Insistem em dormir ao meio dia. O gosto da sombra é bom?
O gosto da assombração? No gosto da sombra há som?

É o relatório. Decidas, descidas. Não há subidas?
Onde restou o céu de carne no frio desse peito teu?

Vi teus lábios saciarem tua agonia cega e distante;
Teu amor fundamentar-se em posse e teu ódio à palavras;
Ditas nos atos e gestos teus de aula magna.
Não penses que a rocha verte água, muito menos leite moça;
Ela apenas expurga nossas lágrimas, ainda que não choradas
Nesta ou em outra madrugada que chegará breve.

Posto isto, com fulcro nas tuas leis e regras
Te vi e vejo sem destino andar, escrevendo tua decisão
Num tribunal sem revisão de causa. Sem revisão de atos!

Dá-se essa sentença publicada e custa ao preço teu.
Se vida ensina cores e desfaz as flores. Cumpra-se!
Ainda que a duras penas. Registre-se e cumpra-se!

Michael Wendder - Direitos reservados

Entrelinhas de Maquiavel


O som do silêncio falante;
Queimando na noite avante;
Um vento deitado razante;
Era uma vez, eu menino amante;
Era uma vez eu, menino galante;
Um dia de noite abrasante;
Finge um sussurro ambulante;
Isto é tão maltratante;
Zeus, será deus ou um farsante?
Digo; Eu vou adiante!
A vida por si não é brilhante?
Vai minha paz suplicante
Invadir nosso leito distante?
Da pra cantar teu flagrante?
Agora não chore: levante.

Realmente, foi isso que fiz, pensante!
Sim, é isso que eu faço, sempre. Brilhante!

Michael Wendder - Direitos reservados

A chuva, Pai


A chuva vai,
Onde foi que nós perdemos a chance de encontrar os pingos sobre a face;
E correr pelas areias úmidas de felicidade sem os temores vermífugos de hoje?
Onde foi mesmo que o canto dos anjos desafinou nos fios relampejos da noite
E nem pudemos perceber que o dia raiou e já era tarde. Onde foi mesmo?
A chuva cai,
Despenca no solo deste seco mangue, um vil odor de adeus sem medo;
Sem dó, sem piedade, sem vontades e verdades. Só restam lamas e lamurias.
Que a cada passo dado nesta esteira frontal, doze mil são regressos ao nada
Onde foi que o sabor dos sabores findou-se? Ele sequer existiu? Será?
A chuva sai,
Pelas janelas da minha alma e escorrem pelo rosto a pena da tua sina;
Tão jovem e imatura tuas decisões infante que nem as indago mais.
Evaporam-se pra um céu de mármore frio e morto como tuas palavras;
Que nem quero e posso ouvi-las. O resto é resto. E o fim não é: “era uma vez”
É simples, pura ou dramaticamente o fim. Ponto final sem voltas e traços.
A chuva , Pai,
Acena para eu tão célere e cruel, que já nem sei a cor das folhas ou dos frutos;
Onde foi que eu pensei haver o nós e as vozes todas misturadamente nítidas.
Que encantavam os verões da minha senda pitoresca. Mas, sensata e fiel.
Enquanto eu tomava banho de chuva, um vendaval me consumia vagarosamente
Onde foi que nós perdemos a rima? Foi bem ai que nossa vida virou o cada singular De ontem, Hoje, apesar das manchas, eu sobrevivi ao novo tempo que brilha.
E você, ex-nós? E você? Chega de encharcar as ideias.
Renasça para não apodrecer na casca e vai voltar a rima. Ponto final.

Michael Wendder - Direitos reservados

Palavra do século: Obrigado!


Contrariei a física mortal e mundana dos homens
E pude por instantes que me foram ternos, parar a terra.
Como quem despenca de um desfiladeiro de alegrias,
Ou é arremessado as bilhões de estrelas,
Meus olhos, nos reflexos dos teus, ganharam um novo riso.
É tão bom saber que você existe e que não mudou nada;
É tão mágico apreciar as verdades de teus lábios;
As carícias desse jeito probo e lhano que eu tanto amo.
Obrigado por mudar a minha vida de boa para espetacular.
Muito obrigado, mais que obrigado. Aplausos!

Humildes palavras dedicadas à alguém que mudou a minha vida. Faltam adjetivos!
Palavras essas inspiradas na idiossincrasia de G.S

Zombe de mim. De eu, não!


O choro não se coaduna com via eleita.
Em sede preliminar observo nulidades em seu toque;
Posto que desde já determino afastamento de tuas lágrimas.
Tudo em você contém vícios? Minta pra mim, ele adora.
Grite por mim: ele ama. Só saibas de algo: Mim, não sou eu.
E já que chegamos à porta do mérito, a gaiola está aberta,
A ilha está repleta de embarcações à vista: Podes partir, voar.
Só não zombe da minha inteligência como cuspiu no meu amor.
O dia que a tez da manha tua for resquício desse dízimo vendido que devolves
E o café não estiver à mesa, nem os lençois alinhados, como sempre
Cuide para não afogar-se nas próprias mentiras que tens patinado
Acorde para si seus medos enquanto ainda os tem, infante!
Nesse sentido que caminhas, nem a solidão vai acolher-te.
Declaro remidos os teus dias, todos e página virada.


Michael Wendder - Direitos reservados

Todos Iguais? Sim. Todos iguais


Desce desse trono bobo arrogância humana
E olhe pra dentro de ti
Em que se difere todos seres?
Humanos, carentes, diferentes, tão iguais
Somos todos filhos de um só pai.
Onde está o teu direito branca pele sobre a negra?
E tua negra sobre a índia ou amarela?
Desce desse trono bobo arrogância humana
E olhe pra dentro de ti
Não há uma raça pura, elevada neste mundo
Viva a miscigenação
Viva a miscigenação

Todos irmãos, de mãos dados ou não
Todos iguais por um ideal comum, viver
Todos irmãos, braços dados ou não
Todos iguais eu e você.

Ainda existe esperança pra rosa que chora?
Ainda existe um porque pra viver?
Ainda existe uma luz que brilha no túnel?
Ainda existe saída pra Ti?

Independente de sermos filhos de quem somos
De que berço nascemos, de que povos viemos
De onde vem nosso sangue, ou que língua falamos
O que estamos fazendo somos todos irmãos
Independente do dinheiro ou status
Vamos dar a nós mesmo uma chance de ser
Homens, mulheres, cidadãos de verdade
Que a nossa vaidade seja da paz e união.

Ainda existe esperança pra rosa que chora
Ainda existe um porque pra viver
Ainda existe uma luz que brilha no túnel
Ainda existe saída pra Ti


Letra e Musica: Michael Wendder de Paula Souza
Canção composta às 18:21 da tarde do dia 07 de maio de 2007.

O nosso papo de sexta me fez voltar no tempo e relembrar uma canção que escrevi ha muito tempo

O que você faria?


O que você faria se o seu coração o convidasse para atravessar o Atlântico;

E como quem nunca voou ou navegou antes, apenas fechasse os olhos;

Num sonoro sim interior? O que você faria?


O que você faria se o seu coração viesse até seus olhos;

E que neles se enchergasse toda grata verdade e alegria;

De quem, como uma criança feliz, abre os braços a sua espera?

Me diz: O que você faria?


Sinceramente eu não sei o que faria. Só sei o que fiz e o que farei em breve;

Pensar demais não resolvem os problemas, ainda que de solução lógica;

Ame a quem te ama pra vida acontecer de verdade.


E viveram felizes para sempre.


Michael Wendder - Direitos reservados

Seguir, trará a cura?


Segues sem meu coração o fim da estrada;
Cegas pela multidão tropeçam em areias pó;
Sedes de filiais sem corpo e alma;
Negas que me amas de palavras, mentiroso.

Pensas que seguir trará a cura?
Sabes, se partir não tem mais volta.
Tensas, nossas noites de loucura.
Cabes tu no peito meu, agora?

Fostes e comigo resta o pulso,
Teu, o jeito doce desse ser que amo.
Fostes, mas eu sei: nunca partistes,
Meu, o coração é bobo: humano e apaixonado.

Pra que seguir na direção contrária?
Quem foi afinal: eu ou você, roubou o coração de quem e partiu?
Pra que seguir na direção contrária?

Michael Wendder - Direitos reservados

Maria Madalena


Meu amor resta infrutífero, agora
Mas, ainda direi algo lindo: eu nunca agonizo
Minha alma rota insâna, aquém
Mescla ânsias de amor latente entre novas amarguras
Meus atrasos rasos infiéis, aqui
Mentem assim: discadamente algum libido. Eu, não ama.

Quando vais eu ver, ter e requer, enfim, ó Maria?
Quando vais aprender amar de verdade? Silêncio.
Menos fala, menos barulho. Tente ouvir a consciência
Gritar aos berros a resposta tão simples e fácil.

Quando vais aprender amar de verdade?

Michael Wendder - Direitos Reservados

Preciso aprender falar com Deus


Eu, já nem sei sou digno de olhar em tua direção;
Muito menos de procurar tua face, o brilho da tua majestade.
As coisas na terra são tão difíceis, o ser humano é tão mesquinho;
Não sabe amar como tu amou e quando tenta, apenas aumenta o abismo
Das mágoas e das chagas lançadas por palavras indevidas.

Deus, eu que ainda não aprendi a caminhar com as próprias pernas
E, por um instante quis correr em outras direções,
Provar de outros sabores, de outras sensações, de outros amores;
Restei completamente incompleto. Estou destruído. Deus, estou acabado!

Eu sei que podes ouvir e muito bem as minhas súplicas;
Sei que o meu canto, o meu gemido e as minhas lágrimas
Estão sendo colhidas neste instante em que as palavras
Ganham sentido e arranjo neste texto. Eu bem sei.

Peço, rogo e suplico tão somente por uma coisa
Cura o meu coração. Necessito de milagre! Olha a minha condição!
Olha a minha humana condição e me ensine a perdoar
E saber que apenas a sombra do calor das tuas asas me basta.

Agora que vão se as horas e honras desta vaidade que ganho alheia
Eu te convido pra cear comigo, uma vez mais, meu bom mestre.
As coisas aqui, dentro deste nosso lar estão feridas, sabes?
Estão marcadas e totalmente desiludidas. Então eu paro e piro
Neste amor que cobre multidões de pecados confessados.

Eu confesso, cada milímetro daquilo que não te agrada e lanço fora
Jogo todos na tua cruz, pois estou a espera da tua transformação
As minhas marcas são profundas. Mas, o teu amor é de maneira "tal"
Esse "tal" que é incomensurável pela própria maneira de ser
É aquela luz, aquela esperança que outrora perdida passa
Ser renovada na tua companhia. Na tua doce companhia.

Quanto aos meus inimigos, receba-os também nas tuas mãos;
Aos meus amigos, colegas, família e tantos outros filhos seus,
Grato por este amor. Que amor é esse? Que amor é esse?

Preciso aprender a falar com Deus. Assim, simples como agora.
Eu preciso, eu preciso, eu preciso, eu preciso, eu preciso ...

Por fim, não me deixe esquecer, meu bom Pai daquilo que mais preciso:
Saber ouvir e reconhecer a sua voz em meio a multidão.

Amém... Além...

Michael Wendder - Oração das 22.

A primavera chegou



O calor de tuas palavras aqueceram minha alma
E tive disposição para viver dez ou vinte mil gerações à frente
Os dias maus são apenas pó perto da eternidade;
As tempestades são apenas momentâneas,
As dores, não são parte de nossa essência.
As lágrimas, as lástimas. Tudo passa.
Isso tudo eu aprendo com o calor das tuas palavras.
E o que dizer de alguém como você: Nada. Não direi nada.
Feche os seus olhos e olhe dentro dos reflexos do meu coração
Do meu grato coração que adora. Mais que obrigado!
A primavera chegou pra mim esta noite.


Michael Wendder - Direitos reservados.

Dedicado ao nobre e ilustre amigo, Marcelo Tabarelli

Só por querer e ousar amar.


Estou assim...

Eu atirei no próprio pé de minhas amarguras;

Agora todas as minhas feridas estão expostas ao sol;

E nem os abutres delas vêm se alimentar.

A terra tem pena de mim e o vento corta caminho

Prefere soprar outras faces de menor fracasso

Restei só entre medo, dores, dores e dores de amor;

Mas, eu sobreviverei. Eu tenho que sobreviver!

Isso passa. O sol sempre nasce no outro dia;

Forte, entre nuvens, fraco, amarelo ou cinza;

Ele sempre nasce de novo...

Estou assim, quase morto por só querer e ousar amar.



Michael Wendder - Direitos reservados

Verdades?


Verdade: Não coloques as mãos sobre os seios, minha filha
Tampouco tu, sobre o pássaro, meu pequenino. É feio.
Verdade: Não coloque o dedo no nariz,
Não tussa sem por a mão na boca,
Não mate, não morra, não transe sem camisinha. Nunca!

Verdade: Não coma com os braços sobre a mesa, filha minha
Tampouco tu, de boca aberta que os restos se vislumbrem filho. É feio
Verdade: Descobri sem querer a vida. Descobri em você minha paz.
Não xingue o padre, o pobre ou podre fétido da esquina,
Não tome o que não puder pagar, nem águas paradas de chuva, na rua ou na fazenda.

Zeca, Kid, Chico. Porque a verdade não pode ser uma bela mentira pintada colorida?
Não dá pra misturar um pagodinho, abelha e Holanda? A Vanusa manja. Ela canta!
Verdade: minta pra mim o que e quanto puder e quiser. Mas saibas que sei ver-te
Não fuja das leis, da cadeia ou da comarca sem a prévia autorização deste juízo infantil. Não fuja dos mandados, nem do teu mandato já cassado
Não fujas de mim, ou melhor, dessa casca de vícios minuciosos que é você mesmo.

Verdade? Depende do ponto: do trem, do metro, de ônibus, da van
Da circular, da crítica e até mesmo da oposição. Do ponto de vista. De quem?
Do bispo, do prefeito, dos banqueiros ou da Nova Ordem Mundial iluminada.
Não existe verdade absoluta senão aquela criada por nós mesmos, os cegos.

Michael Wendder - Direitos reservados

De vinte oito a trinta


De vinte e oito a trinta, meu coração vai de zero a mil em um segundo;
Nada que ocorre é por acaso. Todas as coisas preservam um porque de ser;
Até a mais proba inocência necessita ser velada e dita para florescer;
Eu sucumbi de um morro abaixo e bati asas além do além dos seres fortes;
Vomitei meu asco e engoli completamente o pus que tu me deste de manhã;
E não foi pouco, foi de saciar a fome duas nações por vinte gerações.
Você me pôs ao extremo do amor, do tesão, do ódio, do nojo de todas as coisas.
Idiota. Amanhã é dia primeiro. Voltarei para a polis do eu que quase perdi
Aos caminhos de tua bárbara incoerencia aceno de longe um tchauzinho murcho.
Há muita vida pela frente, do lado, em cima, embaixo, do avesso dos ponteiros.
Do outro lado do oceano atlântico.

Michael Wendder - Direitos reservados

Quem aqui tem preconceito?


Pré conceito: Algo antes de um conceito real, ficto ou, nas sábias palavras do Pai dos Burros, é qualquer sentimento ou opinião, favorável ou desfavorável, sem exame crítico. Cadê a razão desse povo? Preconceito: Que palavra pesada essa! Imagina, em pleno século XXI, onde tudo é tão “de boa”, particularmente, até axo chique de ver um “negrinho” atuando nas novelas ou ver um “pretinho” ser escravo em alguma peça teatral. Quiçá seja selecionado ainda para um “Grande Irmão” desses tantos da vida. É vip, fashion, está em evidência: Hussein Obama que o diga.
Semana passada, liguei a televisão e fiquei indignado com uma notícia de violência entre jovens “boiolinhas”. Tadinhos, que culpa eles tem se não gostam da fruta? Que culpa? Ao mais, todo mundo sabe que desde os tempos mais remotos da história a “viadagem” corria solta e era normal. Não sei por que e pra que todo esse alarde hoje em dia. Que povo intolerante!
Em verdade, creio que estão tentando “denegrir” nossas verdades atuais. Só pode viu. Mas, não vou discursar sobre esses estereótipos: Sou uma “negação” nisso. Nesses tempos em que a coisa está “preta”, “negarei” ainda mais pegar a onda do casulo ou do acaso planejado.
Ouvi tanta coisa ultimamente que resolvi mudar. Em casa não tomamos mais Coca-Cola, isso engorda, deixa a gente “balofo” e muito feio. Nossa! Ninguém merece aquelas dobrinhas na praia. Cada pneu que mais parece um estepe. Tapo os olhos e quase fico... Não, não. Pensando bem, cego, não... Usar óculos? Que coisa de velho, é muito escroto. Nem rola. O negócio é malhar o “corpitcho” e usar uma lentizinha verde, evitar sol pra não queimar, né e ser feliz, “igual a todo mundo normal”. Já posso ate ouvir o grande coral: Lindo, tesão, bonito e gostosão!
Mudando um pouco de assunto, mas na mesma vertente, eu como sou um cara moderno e sem nenhum tipo de preconceito, sugeri pra minha esposa uns “rolés a três ae”, “uns pegas”! Saca aquelas trocas de casais. Ia ser o bixo. Mas, porém, entretanto, todavia, contudo, então, ela como é muito cabeça fechada surtou. Disse que eu não a amava mais e etc. Enfim, já estava decidido. Saí de casa e fui me divertir um pouco.
No caminho, parei num bar bebi muito. Fiquei puto porque Doriana não estava comigo né. Puxa a gente tem uma história juntos. São 03 meses de casado. Isso é quase uma vida brow. Ainda mais, se for pegando todo dia o mesmo arroz com feijão e osso. Como é magra. Mas, antes magra que leitoa.
A cada gole, a cada trago, a cada pedra no sapato que tirava e cheirava, a vida melhorava. Mó viagem, um misto de chulé e baseado saca. Demais velho. Tomei uma decisão: Se saí de casa pra me divertir, eu ia cair na gandaia mesmo. Antes de ir pra assistir os casais “ficando”, parei numa boate iluminada.
Caracas! Puta que os pariu e a mim também. A eu não: Nunca vi tanta gente reunida num só lugar. Parecia fila do dia de Cosme e Damião ou Show de Grátis do Luan Santana na periferia. Quanto nego. Alguém aí chacoalhou o pé de jabuticabas ou as sementes de melancia maduraram todas no meu jardim?
Nos meus tempos de glória, as boas festas eram nas casas mesmo ao som de Michael Jackson, Madonna ou algum cantor punk louco que gritasse alto e dançasse bem. Dizem que quem está na chuva é pra se molhar, logo, entrei na tal festa. Sentei num dos banquinhos de lá e o que eu vejo? Dois machos colados. Que merda era aquela mano! Fiquei na minha. Eu não tenho preconceito não, mas, sei lá. Estranho.
No fundo, algo me chamou a tenção naqueles dois “viados duma figa”. Firmei os olhos e vislumbro Dinho, meu filho de 13 anos. Nossa, como eu soquei a cara dele de porrada. Que vergonha! Alias, eu tentei né. Contudo, o “boy” dele não deixou e me expurgaram da festa. Eu filho, um terceiro sexo? Demais pra mim.
No outro dia soube que era uma festa “do babado”. Dae se explica tanto saopaulino juntos num mesmo lugar né. Foda. Tenso. Que era aqeuilo. Alias, que foi aquilo.
Minha mulher, quando entro no quarto está deitada com poucas roupas. Há vinho derramado pelo chão, uma calça que não é minha e toda sorte de restos, os mais íntimos de uma noite “nada bem dormida” por todo lado que se olhava.
Literalmente! Meu mundo caiu! As palavras de Maysa nunca foram tão orquestradas na minh’alma. Não é fácil ter um filho homossexual. Eu falo porque o filho da vizinha do 315 é uma “bixinha” doida. Pensa, e se ele, meu garotão, quiser por peitinhos? E se começar a falar fino? Pior, e se virar saopaulino e se casar com um corintiano? Só faltava agora querer virar muçulmano e sair por aí explodindo escolas, creches, orfanatos ou matando um astro pop pra intentar ser “mais popular que Jesus Cristo”.
Fiz meu porta retratos, ou seria mais o me porta retalhos: Uma mulher vadia. Um filho homossexual e sim, eu descobri tempos depois: ele tinha um Alcorão na gaveta. O que mais me falta acontecer?
São 06h30 do dia 17 de março de 2008. E acabo de lembrar o que meu dia precisa pra nascer feliz: Tenho urologista logo cedo. Mas ele não vai enfiar aquele dedão no meu reto nem a pau. Vamo tudo pela maquininha, pela tecnologia. O que é isso? Já pensou um puta “negão” mandando ver o dedo em mim, deflorando minha inocência. Isso é não preconceito. Mas, acho natural se tiver que morrer de mal da próstata. Todos vão morrer um dia mesmo. Ao menos não morrerei violado. Deixe o lacre como Deus o fez. Piscando apenas quando o medo aperta e olha lá. Afinal de contas, quem tem, tem medo.
Cheguei num ponto tal que a minha filosofia atual é não pensar em mais nada. Penso em voltar à escola e retomar os estudos apenas. Não quero viver como um bando de índios vagabundos, o dia inteiro debaixo de sombra e água fresca e chamar isso de cultura. Ou esses pagodeiros que se dizem músicos. É o fim da picada. Inchada na mão “negada”. Fala sério! Ainda, como aquela “” toda que trampa pra eu em casa e na empresa. Vida de pobre me da arrepio. Asco.
Um tal de tomar água em copo de massa de tomate, dividir o mesmo sanduiche de “mortandela”, fazer comprar em brechó, por água na geladeira em litro de guaraná barata. Para com isso. Que derrota! Eu não sou preconceituoso, só penso que as pessoas, sei lá o que pensar delas...
Esses dias minha cunhada teve o disparate de apresentar o genro dela com o maior orgulho: “Olha gente, o Zé é um moço direito, honesto, trabalhador”. Vi naquele discurso um ar tão puritano que me embrulhou o estomago. Não falou o essencial: Era servente de pedreiro. Ganhava uma fortuna por mês, cerca de uns seiscentos reais. Preço que não pago nem o meu IPVA. Isso é orgulho? Fala, fala, fala sério, né?
Pra ajudar, minha ficante está gravida. Fazer o que né? Vamo criar o “bagulho” que ta vindo ae”. Mas, não quero minha futura filha enrolada com um pedreiro ou serviçal qualquer não. Filha minha vai namorar um cara legal e normal, iguais os outros, iguais a ela. Nada de “cabelos pixaim”, ficar cinza no frio, nariz de coxinha amassado e nem poder pegar um bronze lá na nossa casa de Angra. Eu mato ela!
Pensando bem, vou escolher a dedo o futuro paquerinha dela quando chegar a hora. Vou preserva-la dos aidéticos, dessas baleias esfomeadas que comem demais, desses índios, pagodeiros, boiolinhas, biscates de esquinas, porque do jeito que esse mundo está cheio de gente preconceituosa, são até capazes de acreditar em Isaias e queimarem o Cristo Europeu de olho azul. Que sacrilégio.
Desse mal eu não morro. Eu não tenho preconceitos! E livrai-nos do mal; Amém.