Alguém se importa?


Despede-se a virgem noite dos céus de agora
E surge o dia nu a minha frente, completamente.
Tão probo o era que respingos orvalhos lhe seguiam;
Pés a pés marcados nos rios-chão de areia afora.

Cuido, então, para que ele permaneça livre
E mais tarde, se tiver vontade de vestir-se
Que o faça cobrindo minha noite de mais sonhos;
Ou o meu agora de menos desespero e solidão.

Creio que minhas palavras ecoam no vácuo
Onde só eu mesmo ouço e olha lá. Às vezes nem eu.
Entendo uma tela abstrata. Mas, não me defino.

O dia despido me chama? Pro amor ou pra cama?
Pro toque que devora ou ama? Hei, alguém se importa?
Eu só queria amar e por meu mundo acorrentado pra fora.
Meu mundo tão acorrentado: vá embora!

Meu anjo humano pecou e desceu;
Meu canto insano secou e morreu;
Meu verbo divino parou, voltou, se perdeu.
Eu não quero a verdade. Não agora.
Eu só quero ser feliz, imediatamente.

Que vale mais: o perfume das cores ou os tons da alegria?
O cheiro da rosa ou minha louca poesia?
Alguém se importa? Sim? Tu és doido!
Alguém se importa? Não? Então cai fora. Mala!

Michael Wendder - Direitos reservados

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