Ao vento


Hoje eu vi as sombras da tua presença estacionada;
Esperando pelo trêm das onze para as seis ou sete;
Não me recordo bem. Meus olhos são astutos, rápidos;
Mas, não se prestam à apreciar qualquer paisagem moribunda.
Foi-se o tempo em que eles brilhavam por nada;
Foi-se o tempo, junto com tuas pálidas memórias.
Então, eu recobro o pensamento de ímpeto e projeto;
Uma pequenina luz de verdade nesse mar de merdas
Que me ofuscam as narinas e visão polui nojenta.
Pudessem vaiar minhas mãos o adeus te que acenam;
Eu certamente sentiria lástima de ti que nada ostentas
Senão o meu lamento por serdes assim: tão vazia quanto o nada
Tão fria quanto a escuridão de almas perdidas em si mesmo;
As tuas palavras? Essas me dão pena de ti ou riso!
Devo acender, assoprar ou inçar uma vela?
Assoprar não condiz com as semas, tão pouco lhe dou parabéns;
Acender, bem mais certo seria, visto o enterro de ti;
Posto içar, eu farei certamente, pra mares, oceanos, lugares
Onde as tuas sombras não me alcancem nem em meu lamento!
Nem no meu sorriso, nem no meu desterro, nunca mais na vida!
Isto é sentimento. De ti vem só palavras, pequenas, frágeis
E vomitadas ao vento... E vomitadas ao vento ... vento
Memórias que não lembro de lembrar... Ao vento!

Michael Wendder - Direitos reservados

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